MANAUS — O deputado federal Sidney Leite (PSD-AM) afirmou em entrevista ao ATUAL, nesta sexta-feira (8), punição aos parlamentares bolsonaristas que ocuparam as mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado impedindo o funcionamento das duas Casas Legislativas. Para ele, a ação foi uma “violência contra o Parlamento” e não pode ser tratada como algo normal.
“É legítima qualquer manifestação política no Parlamento, seja da maioria ou da minoria, e o regimento garante até instrumentos como a obstrução. Mas usar da violência para impedir que o presidente eleito pela maioria exerça suas funções e paralise a Casa é inaceitável. Isso é violência, não é democracia”, disse o deputado.
Sidney disse que vai defender a punição em reunião da bancada do PSD na Câmara. “Poderei ser voto vencido, mas precisamos nos manifestar. Se não, amanhã qualquer partido que se sinta contrariado vai lá e impede o funcionamento da Câmara, violentando o que é basilar na Casa”, completou.
O parlamentar também lembrou que os deputados são bancados com dinheiro público ao criticar a paralisação das Casas Legislativas provocada por parlamentares bolsonaristas. “Quase 450 deputados foram para Brasília com passagens e despesas pagas pelo contribuinte para a Câmara não funcionar. Enquanto isso, temos projetos importantes, como a mudança no imposto de renda, esperando para serem votados”, afirmou.
Contra anistia ampla
Sobre o projeto de lei que concede anistia a envolvidos em atos antidemocráticos, Sidney disse que, “do jeito que está, não passa”. Ele comparou a proposta a “perdoar quem rouba celular” e criticou o fato de beneficiar pessoas que sequer foram condenadas.
“Se tem condenação e fato concreto, aí sim, bora discutir. Mas anistiar sem condenação é abrir um 1precedente muito grave”, afirmou.
Supremo e impeachment de Moraes
Questionado sobre o pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, o deputado disse que vê o tema como “assunto distinto” e defendeu mais diálogo entre o Supremo Tribunal Federal e o Congresso. Ele criticou decisões da Corte que, segundo ele, alteraram regras definidas pelo Parlamento para a distribuição de vagas nas eleições, cassando mandatos já diplomados.
“O legislador não está no Supremo, está no Congresso. É preciso respeitar o Parlamento e corrigir as coisas com diálogo”, disse.