Ministério Público é acionado após crianças dançarem de forma sensual em praça pública no AM

MANAUS (AM) – O advogado Victor Andrade dos Santos denunciou ao Ministério Público do Amazonas (MP-AM) a apresentação de crianças dançando de forma sensual durante um evento público em Novo Airão, no último sábado, 16/8.

De acordo com o advogado, as cenas aconteceram em praça pública, com música erotizada, plateia e um conselheiro tutelar acompanhando de perto. O evento teve apoio da Prefeitura Municipal de Novo Airão, e as imagens viralizaram nas redes sociais.

‘Fere a infância’, diz advogado

Na representação encaminhada ao MP, o advogado destaca que as crianças foram estimuladas a participar das danças, muitas com coreografias de conotação sexual explícita, o que configura violação de direitos fundamentais previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e na Constituição Federal.

“Esse tipo de exposição precoce fere a fase natural da infância, impondo comportamentos adultos em corpos e mentes que ainda não têm maturidade para isso”, alerta o advogado.

Ele ainda ressalta que a presença de autoridades e de um conselheiro tutelar agrava o caso, já que esses profissionais têm a obrigação legal de proteger os menores. “Quando se calam ou participam, deixam de cumprir sua função, o que configura omissão grave — ou até conivência”.

O que diz a lei

A denúncia se baseia em diversos artigos do ECA e da Constituição, como:

  • Art. 17 (ECA) – Direito ao respeito e à integridade física, psíquica e moral da criança.
  • Art. 18 (ECA) – Dever de todos em protegê-las de tratamentos vexatórios.
  • Art. 70 (ECA) – Dever coletivo de prevenir qualquer violação.
  • Art. 227 (CF) – Prioridade absoluta na proteção à infância por parte da família, sociedade e Estado.

Vídeos viralizam e população reage

Nos vídeos compartilhados pelo advogado e internautas, é possível ver menores de idade dançando músicas com conteúdo sexual explícito, sob aplausos da plateia e a presença visível de adultos e autoridades.

Advogado Victor Andrade (Foto: Arquivo Pessoal)

“Não dá para contar com o bom senso e a coragem de algumas autoridades do município”, disse Andrade em um vídeo publicado em suas redes sociais.

Usuários se mostraram surpresos. “Situação lamentável. E o pior: isso acontece até em escolas”, comentou uma internauta. Outro seguidor reforçou: “É urgente criar redes de proteção reais para as crianças”.

Investigação em andamento

O advogado pede que o Ministério Público investigue:

  • A responsabilidade da Prefeitura de Novo Airão;
  • A atuação (ou omissão) do Conselho Tutelar;
  • Os organizadores do evento e demais autoridades presentes.

Além disso, o advogado afirmou que o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) decidiu pelo afastamento preventivo do conselheiro tutelar envolvido — medida que pode se antecipar a uma ação formal do MP.

Adultização infantil: um alerta crescente

O caso também reacende o debate sobre a adultização precoce, tema que ganhou força recentemente com vídeos do influenciador Felipe Bressanim (Felca), que denunciou a exposição e monetização de crianças nas redes sociais.

Segundo Victor Andrade, essa exposição pode gerar sérias consequências emocionais e psicológicas: “Confusão de identidade, distorção da autoestima, normalização de abusos e até ansiedade são alguns dos impactos possíveis”.

Medidas urgentes são necessárias

O especialista defende uma atuação preventiva:

  • Regras claras em eventos públicos com participação de crianças;
  • Fiscalização efetiva por parte do poder público;
  • Participação ativa e responsável do Conselho Tutelar;
  • Campanhas educativas para pais, organizadores e sociedade.

“Mais do que punir depois, é necessário prevenir. A infância precisa ser respeitada desde o início”, finaliza Andrade.

Sem resposta

A reportagem do Portal Rios de Notícias entrou em contato com a Prefeitura de Novo Airão e com a Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), mas até o momento não obteve resposta.

 

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