Moraes autoriza Bolsonaro a passar por cirurgia de hérnia no Natal

BRASÍLIA – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a passar por uma cirurgia para retirar hérnias na virilha na próxima quinta-feira (25/12), no Natal. A data foi sugerida pela própria defesa do ex-presidente ao ministro nesta terça (23) após o aval à cirurgia.

Preso na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília (DF) há um mês, Bolsonaro será internado já nesta quarta (24/12) no hospital DF Star, a 2,5 quilômetros de onde o ex-presidente cumpre a pena de 27 anos e três meses de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado. Caberá à PF levá-lo e escoltá-lo até o hospital e desembarcá-lo nas garagens.

Após Bolsonaro ter violado sua tornozeleira eletrônica, Moraes encarregou a PF de destacar quantos policiais federais forem necessários para a segurança. “A PF deverá providenciar a completa vigilância e segurança do custodiado durante sua estadia, bem como do hospital, mantendo equipes de prontidão. A PF deverá garantir, ainda, a segurança e fiscalização 24 horas por dia”, determinou.

O ministro também exigiu que o quarto de Bolsonaro seja vigiado por, no mínimo, dois policiais federais. “Está vedado o ingresso no quarto hospitalar de computadores, telefones celulares e quaisquer dispositivos eletrônicos, salvo obviamente os equipamentos médicos, devendo a PF assegurar o cumprimento da restrição”, acrescentou.

Moraes ainda atendeu à defesa e autorizou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) a acompanhar Bolsonaro ao longo de sua internação, mas negou o pedido para nomear o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) como acompanhantes secundários. “As demais visitas somente poderão ocorrer com prévia autorização judicial”, apontou.

Em um laudo apresentado no último dia 15, o médico particular de Bolsonaro, cirurgião-geral Cláudio Birolini, indicou que a cirurgia levaria o ex-presidente a permanecer de cinco a sete dias no DF Star, “a fim de contemplar o período necessário para avaliação pré-operatório, procedimentos cirúrgico e anestésico, analgesia pós-operatória, profilaxia de eventos trombóticos e fisioterapia motora”.

Moraes autorizou o ex-presidente a se submeter à cirurgia para retirar as hérnias na virilha após uma perícia médica da PF atestar a necessidade de um procedimento para corrigi-las. Ao contrário do alegado pela defesa, a intervenção não é urgente. “O periciado Jair Messias Bolsonaro é portador de hérnia inguinal bilateral que necessita reparo cirúrgico em caráter eletivo”, observaram os peritos.

Apesar de  a defesa citar a hipótese de um eventual risco de encarceramento ou estrangulamento intestinal, a PF destacou que “não há descrição de encarceramento ou estrangulamento da(s) hérnia(s) em nenhum momento, inclusive até a realização da presente perícia”. O procedimento foi realizado na última quarta (17/12).

Em um laudo de dez páginas, a perícia avaliou como urgente apenas o bloqueio do nervo frênico guiado por ultrassom, alternativa para conter as crises de soluços. A persistência dos soluços, alegaram os peritos, poderia “acelerar o risco das complicações do quadro herniário em decorrência do aumento da pressão intra-abdominal”.

Em relato aos peritos, Bolsonaro disse que os soluços são frequentes há oito meses, desde a última cirurgia realizada para desobstruir seu intestino, em abril de 2025. “Nos últimos sete meses, o periciado afirma que chegou a ficar de um a dois dias sem soluçar, mas que o quadro retorna e perdura por dias, trazendo prejuízo na alimentação e no sono”, descreveram.

O ministro encarregou a PF de realizar uma perícia médica depois de pôr em xeque os exames médicos apresentados pela defesa para sustentar a urgência da cirurgia. Porém, Moraes apontou que os documentos da defesa defesa “não são atuais, sendo que o mais recente foi realizado há três meses” e que o exame médico-legal do ex-presidente não indicava qualquer emergência.

Bolsonaro está preso na Superintendência da PF desde o dia 22 de novembro. O ex-presidente foi condenado por golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, organização criminosa armada, dano qualificado por violência ou grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

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