Em ato no Rio, Bolsonaro tenta pressionar Congresso por anistia de golpistas do 8 de janeiro

Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) se reuniram na manhã deste domingo (16), na orla de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, em um ato convocado pelo ex-presidente para pedir anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.

O protesto ocorre em meio ao avanço das investigações contra Bolsonaro, que pode se tornar réu no Supremo Tribunal Federal (STF) nos próximos dias. Além do ex-presidente, a manifestação contou com a presença de políticos da extrema direita, como os governadores Cláudio Castro (Republicanos-RJ), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Jorginho Mello (PL-SC) e Mauro Mendes (UB-MT), além do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), do deputado Nicolas Ferreira (PL-MG) e do pastor Silas Malafaia, um dos organizadores do evento.

Por volta das 11h30, Bolsonaro discursou e voltou a atacar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de reforçar o pedido de anistia aos condenados pelos atos golpistas. No carro de som, manifestantes também pediam a saída de Lula e a volta do ex-presidente ao poder, apesar de Bolsonaro estar inelegível até 2030 por decisão da Justiça Eleitoral.

O ato, que interditou parte da Avenida Atlântica, ocorre em um momento estratégico: na próxima semana, o STF analisará a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro. A manifestação também é vista como uma tentativa de mobilizar parlamentares para aprovar um projeto de anistia na Câmara e no Senado, beneficiando os condenados pelo 8 de janeiro.

O golpe frustrado e as condenações

Os atos golpistas de 8 de janeiro foram o maior ataque às instituições democráticas desde o fim da ditadura militar. Convocados por redes bolsonaristas, apoiadores do ex-presidente depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, exigindo um golpe militar para impedir a posse de Lula. As investigações apontam que caravanas de extremistas foram financiadas por empresários alinhados ao bolsonarismo.

Até o momento, 481 pessoas já foram condenadas pelo STF por participação nos ataques. As penas chegam a 17 anos e 6 meses de prisão por crimes como golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e dano qualificado. Outros 542 acordos de não persecução penal foram firmados com acusados que confessaram participação nos atos.

Atualmente, 84 pessoas estão presas preventivamente, 55 cumprem prisão provisória e cinco estão em regime domiciliar. Outros 61 investigados são considerados foragidos.
destaques

Além do impacto político, a ofensiva  golpista de 8 de janeiro gerou prejuízos financeiros e culturais incalculáveis. Segundo a Advocacia Geral da União (AGU), os danos ao patrimônio público somam pelo menos R$ 26,2 milhões.

No Senado Federal, os prejuízos foram estimados em R$ 3,5 milhões. Na Câmara dos Deputados, o valor ultrapassa R$ 3 milhões, enquanto no Palácio do Planalto os danos passam de R$ 9 milhões, incluindo obras de arte destruídas.

A mobilização de Bolsonaro neste domingo reforça a tentativa de reescrever a narrativa sobre o golpe frustrado, pressionando as instituições para proteger aliados e ampliar sua influência política, mesmo estando inelegível.

BDF

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