A Polícia Federal concluiu nesta terça-feira (17) o inquérito sobre a “Abin paralela” e revelou uma lista extensa de pessoas que foram monitoradas ilegalmente por meio de um sistema de espionagem operado clandestinamente dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), durante o governo de Jair Bolsonaro.
Segundo a investigação, o software FirstMile, que permite rastrear a localização de celulares em tempo real, foi utilizado sem autorização judicial para monitorar autoridades dos Três Poderes, jornalistas, servidores públicos, opositores políticos e até aliados do ex-
Entre os principais alvos da espionagem irregular, estavam:
- Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Dias Toffoli, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF);
- Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados;
- João Doria, ex-governador de São Paulo e ex-presidenciável;
- Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara;
- Jean Wyllys, ex-deputado federal;
- Servidores do Ibama, como Hugo Loss, que liderou operações contra garimpo ilegal na Amazônia;
- Carlos Alberto Litti Dahmer, representante de caminhoneiros que criticou o governo;
- Funcionários do STF, inclusive da área de tecnologia;
- Jornalistas e comunicadores considerados críticos ao governo.
A lista de monitorados inclui ainda nomes que estavam fora da política ativa, mas que, de alguma forma, representavam oposição, crítica ou risco à estabilidade do governo Bolsonaro, segundo a leitura dos envolvidos no esquema.
A PF também identificou picos de uso do sistema durante as eleições municipais de 2020, sugerindo possível tentativa de influência no processo eleitoral. Outra prática revelada foi a do chamado “cercamento”, que consistia em traçar áreas geográficas de interesse para detectar se os alvos circulavam por ali, como ocorreu nas proximidades do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
Com o inquérito concluído, a Polícia Federal reforça que a espionagem teve motivações políticas e eleitorais, com o objetivo de fortalecer Bolsonaro no poder e atacar adversários. O caso agora segue para análise da Procuradoria-Geral da República.
Agência Brasil