O padrasto de Pedro Lucas, criança de 9 anos desaparecida há mais de quatro meses, foi indiciado por matar e ocultar o corpo do menino, em Rio Verde, no sudoeste do estado.
Segundo o delegado, Pedro Lucas desapareceu no dia 1º de novembro, mas a ocorrência só foi registrada quatro dias depois, após uma denúncia anônima ao Conselho Tutelar.
Mentira na delegacia
Conforme o delegado, a mãe e o padrasto mentiram alegando que imaginavam que Pedro Lucas estivesse com a avó dele, quando, na verdade, a avó estava em casa, na presença dos outros familiares, no momento do desaparecimento.
A mãe de Pedro Lucas confirmou ter mentido e disse que ficou com medo de seus outros filhos menores serem acolhidos pelo Conselho Tutelar.
O padrasto, que nunca buscou o irmão mais novo de Pedro Lucas na escola, foi buscá-lo no dia do desaparecimento, chegando no local às 17h32. O horário de saída da escola é a partir das 17h20.
Normalmente, Pedro Lucas buscava o irmão. Segundo o delegado, o fato do padrasto ter ido no lugar dele indica que ele já soubesse que o enteado não poderia ir até a escola no horário.
Destino após buscar irmão de Pedro Lucas na escola
Foram constatadas inconsistências sobre o que o padrasto teria feito depois de retornar com o irmão mais novo de Pedro Lucas para casa. Em depoimento, José alegou ter ido rapidamente ao comércio ao lado para comprar um sabonete. Para o irmão de Pedro Lucas, ele afirmou que iria à casa de um amigo, pegou o celular e saiu.
Segundo a mãe de Pedro Lucas, ela chegou em casa e o irmão de Pedro Lucas estava sozinho. Ela afirmou que não se recorda que horas o suspeito chegou em casa.
A falta de coerência nos relatos entre o padrasto, a mãe e irmão de Pedro Lucas sugere que um fato não relatado ocorreu naquele momento.
Inconsistências nos depoimentos
Segundo o delegado, o acusado apresentou várias contradições em seus depoimentos na delegacia. Inicialmente, ele afirmou que ele e a esposa ligaram para a avó de Pedro Lucas para saber dele. Depois ele alegou que só souberam do desaparecimento de Pedro Lucas no dia seguinte.
Além disso, às16h47 do dia do desaparecimento, já havia mensagens trocadas com a avó do garoto sobre o desaparecimento dele.
O padrasto mencionou ter ido pessoalmente à casa da avó de Pedro Lucas para saber dele no dia 1º de novembro. Contraditoriamente, a mãe afirmou que ninguém saiu de casa naquela noite.
Há também divergência nas informações sobre as roupas que Pedro Lucas vestia no dia do desaparecimento. Inicialmente, descritas como shorts verde e camiseta azul, foram posteriormente substituídas por calça jeans e camisa preta.
Conforme o delegado, essas contradições levantam suspeitas sobre a veracidade dos relatos do padrasto.
As mensagens trocadas com avó de Pedro Lucas
Segundo o delegado, mensagens que “se destacam pela artificialidade” foram enviadas pelo acusado para a avó de Pedro Lucas, expressando uma preocupação repentina sobre o paradeiro do menino. Contradições na lógica e cronologia das mensagens levantaram dúvidas sobre a autenticidade e intenção do padrasto.
Relação entre padrasto e enteado
Uma amiga próxima de Pedro Lucas contou à polícia sobre agressões físicas e psicológicas do padrasto. A menina de 11 anos disse que o suspeito odiava o enteado e que Pedro Lucas já havia dito que “nunca queria ter ele em sua vida”.
Segundo ela, em várias ocasiões Pedro Lucas chorava no quarto e que ela chegou a ver marcas de agressões nele.
O padrasto de Pedro Lucas foi indiciado por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver na segunda-feira (5). A criança está desaparecida desde novembro de 2023.
Um colega de presídio do padrasto de Pedro Lucas escreveu uma carta afirmando que o homem confessou ter matado o enteado. Segundo o delegado, apesar da carta não ter efeito comprobatório, o material foi usado no inquérito como elemento informativo.
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