Cine ODS encerra ciclo com filmes potentes e vozes diversas no bairro Santo Antônio

foto: divulgação

Projeto coordenado por Anderson Mendes transforma realidade local em linguagem cinematográfica e promove reflexão ambiental.

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Entre os dias 21 e 26 de julho, a Paróquia da Igreja de Santo Antônio, no bairro Santo Antônio, zona oeste de Manaus, foi palco da segunda e última oficina do Projeto Cine ODS, idealizado e coordenado pelo cineasta Anderson Mendes. A ação reuniu 20 participantes, entre jovens, mulheres e idosos, que criaram cinco curtas-metragens com forte apelo social e ambiental, a partir de histórias reais da comunidade.

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Os filmes — “Monstro”, “O lixo invisível”, “E se o futuro te ligar?”, “O canto que parou” e “A cor do mundo que queremos” — abordam a relação humana com o lixo, a urgência das mudanças climáticas e a importância do engajamento coletivo em prol do meio ambiente. Durante 20 horas de atividades, os participantes vivenciaram todas as etapas de uma produção cinematográfica, incluindo roteiro, produção, arte, figurino, técnicas de teatro, gravação, operação de câmera e edição — tudo realizado com o uso de celulares.

“É com muita alegria que encerramos o ciclo de oficinas do Cine ODS com a certeza de que o cinema pode ser ferramenta de transformação social. Em cada curta, vemos não apenas o aprendizado técnico, mas a expressão de vozes que por vezes não têm espaço. Foram dias intensos, criativos e emocionantes. O projeto cumpriu seu objetivo de estimular o pensamento crítico, a educação ambiental e a participação ativa da comunidade”, destacou o coordenador Anderson Mendes.

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Um dos grandes destaques desta edição foi Ismael Tariano Moreira, escritor e produtor cultural indígena de 66 anos, que dirigiu seu primeiro curta-metragem — “O canto que parou”todo falado na língua Tukano.

“Fazer esse filme foi um ato de resistência e memória. Foi a primeira vez que usei o audiovisual para contar uma história do meu povo. Fiquei muito feliz por ter esse espaço. A língua é a alma da cultura, e poder ouvi-la no cinema é muito importante”, declarou Ismael.

Já a jovem Bárbara Sophia, de apenas 14 anos, escreveu e dirigiu o curta “E se o futuro te ligar?”, que mistura ficção e crítica ambiental.

“Eu aprendi muito durante essa semana. Nunca imaginei que poderia escrever um roteiro, dirigir e ver minha ideia virar um filme. Agora eu sei que posso contar histórias que fazem pensar, e quero continuar”, afirmou entusiasmada.

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A mostra de encerramento, realizada no dia 26 de julho, foi um momento especial. Reuniu moradores da comunidade, familiares, alunos e convidados para a exibição dos curtas produzidos na oficina, com presença e comentários dos cineastas Jorgemar Monteiro e do diretor de fotografia Alexandre Pinheiro.

“Fiquei impressionado com a sensibilidade dos roteiros e a força das atuações. Tem muito potencial artístico aqui”, elogiou Jorgemar Monteiro.
“Esses filmes revelam uma estética própria, marcada por afeto, crítica social e conexão com o território. Isso é cinema de verdade”, completou Alexandre Pinheiro.

Além dos filmes da oficina, o público assistiu também a produções amazônicas contemporâneas, como “DASILVA DASELVA” (de Anderson Mendes), “Solo verde – Um faroeste caboclo” (da Branca3 Filmes) e “Fantasmas na Floresta” (de Manoel Castro Júnior).

Todos os participantes receberam certificados ao final da mostra, celebrando o encerramento de um ciclo que despertou novos olhares para o audiovisual e para os desafios socioambientais do presente.

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A equipe de educadores foi formada por profissionais com décadas de experiência no audiovisual e nas artes:

“Trabalhar com os alunos foi muito inspirador. Vi jovens se descobrindo como artistas, comunicadores e cidadãos conscientes”, destacou a psicóloga e atriz Keylla Gomes.

“A oficina foi um espaço de troca de saberes. Histórias locais, de mulheres e povos originários, foram valorizadas e transformadas em obras de impacto”, reforçou a historiadora e produtora cultural Francy Junior.

“A comunicação popular tem um poder imenso. Fico feliz de ter contribuído para que essas vozes chegassem mais longe”, pontuou o jornalista e radialista Adailton Santos.

Os nove filmes produzidos nas duas oficinas do Cine ODS já estão disponíveis no YouTube através do link:
🔗 https://www.youtube.com/playlist?list=PLqLyD8HWtXohlf6rbmV3bIb2GwMcGn1DV

CINE ODS é um projeto contemplado pela Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, por meio do Conselho Municipal de Cultura – CONCULTURA, Manauscult, Prefeitura de Manaus, Ministério da Cultura e Governo Federal.
Conta com apoio institucional da comunidade São Paulo Apóstolo, Paróquia Santo Antônio / Arquidiocese, Fundação Rede Amazônica, Movimento das Mulheres Negras da Floresta – Dandara, Ykamiabas Produções, Mk Produções, Branca3 Filmes e Feitoza Mídias.

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