Em 2024, o Amazonas registrou um histórico: a realização da cirurgia de redesignação sexual em trans e indígenas intersexo em 22 pacientes que participaram do mutirão de cirurgias pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com a Folha de S.Paulo, a estudante de odontologia Emy Rigonatty, 26, realizou, em agosto do último ano, a cirurgia de redesignação sexual, para que haja uma concordância entre o gênero de reconhecimento e os órgãos sexuais.
“Nunca houve esse tipo de cirurgia em pessoas trans e intersexo no estado, e eu fui uma das escolhidas, dentre centenas de meninas que estavam à espera da cirurgia pelo SUS, então sou imensamente grata por essa oportunidade”, disse a estudante.
Segundo a Folha, o evento ocorreu de 27 a 31 de agosto e foi organizado pelo Hospital Universitário Getulio Vargas, da Universidade Federal do Amazonas (HUGV-UFAM), e pelo Ministério da Saúde, com o apoio da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), vinculada ao Ministério da Educação e responsável pela gestão de 40 hospitais universitários federais do Brasil e da Sociedade Brasileira de Urologia.
Indígenas
Dos 22 pacientes atendidos, três eram indígenas intersexo. Ou seja, pessoas com mutações nos cromossomos sexuais. Elas apresentam características tanto masculinas quanto femininas, como testículos e vagina.
Segundo os organizadores, o Amazonas foi escolhido devido à alta demanda no estado e em toda a Região Norte, intensificada pela não existência de um centro capacitado para realizar os procedimentos.
“Percebemos a demanda inicialmente por meio da telemedicina, que foi quando detectamos essas pessoas, principalmente intersexo, em condições adversas”, afirma a mastologista e chefe da divisão médica do HUGV/Ebserh, Conceição Crozara.
Os pacientes, muitas vezes, precisava solicitar um tratamento fora de domicílio (TDF), o que implica, muitas vezes, em custos de deslocamento e também riscos relacionados à recuperação.
O evento atendeu quem era usuário do Ambulatório de Diversidade Sexual e de Gêneros da Policlínica Codajás, local onde recebem atendimento multiprofissional, com ginecologista, mastologista, urologista, psicológos, psiquiatras e fonoaudiólogos.
“O último levantamento já contava com mais de 900 pacientes trans e intersexo em acompanhamento”, afirma a médica. Passados cinco meses, o índice de satisfação foi muito elevado, conta.