Gelson Carnaúba, conhecido como “Mano G” e apontado como um dos principais articuladores do Comando Vermelho (CV) na Região Norte, teve sua conversão ao cristianismo e afastamento do crime anunciados em comunicado divulgado nesta quinta-feira (17). A nota, assinada por membros do que seria o “conselho permanente” da facção, afirma que o ex-líder decidiu “seguir os caminhos do Senhor Jesus”.
O texto também solicita que o nome de Carnaúba não seja mais associado a atividades criminosas. “Nosso companheiro se encontra na bênção e continuará sua caminhada espiritual com Jesus Cristo. Pedimos respeitosamente a todos os irmãos e companheiros que não utilizem o nome de Gelson Carnaúba para nada relacionado ao crime”, diz o comunicado.
Trajetória no crime organizado
Carnaúba ganhou notoriedade no Amazonas como um dos fundadores da extinta Família do Norte (FDN) e, posteriormente, por sua atuação no Comando Vermelho, após o rompimento entre as organizações. A partir do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, teria exercido forte influência sobre as atividades do tráfico de drogas e disputas entre facções.
Acusações contra ele incluem homicídios, tráfico e liderança em organização criminosa. Seu nome esteve ligado a episódios que contribuíram para o aumento da violência no estado na última década.
Afastamento e mudança de postura
Fontes do sistema penitenciário e da segurança pública indicam que Carnaúba já vinha se afastando das decisões estratégicas da facção. A divulgação do comunicado reforça esse movimento e sinaliza uma mudança de postura, agora associada à prática religiosa.
A decisão de tornar pública a conversão de um ex-líder de alto escalão é incomum e foi recebida como um gesto simbólico dentro de uma estrutura marcada por regras rígidas de lealdade e silêncio.