Garantido conquista o título do Festival de Parintins 2025 após seis anos de jejum

Boi Garantido Mauro Neto/Secom-AM

Parintins (AM) – O Boi Garantido é o grande campeão do Festival de Parintins 2025. O anúncio foi feito na tarde desta segunda-feira (30), após a apuração das notas referentes às três noites de apresentações no Bumbódromo. Com o tema “Boi do Povo, Boi do Povão”, o boi da baixa do São José celebrou seu 33º título e encerrou um jejum de seis anos sem vitórias.

A proposta do boi vermelho e branco nesta edição foi clara: reconectar-se com suas raízes e com a emoção da galera. Toada após toada, o Garantido construiu uma narrativa que exaltou a identidade amazônica e popular, apostando na força da emoção e da tradição.

Primeira noite: raízes e representatividade

A estreia do Garantido no festival foi marcada por elementos simbólicos e representações potentes da cultura amazônica. Destaque para o item 17 – Lenda Amazônica, com a alegoria “Tapyra’yawara”, de onde surgiu a cunhã-poranga Isabelle Nogueira, em uma entrada impactante.

Outro momento de grande força estética e política foi a alegoria “O Povo Negro da Amazônia”, que apresentou a nova rainha do folclore do Garantido, Livia Christina, coroando a noite com representatividade e presença.

Segunda noite: crítica social e identidade cultural

Na segunda noite, o Boi Garantido mesclou elementos do samba com o boi-bumbá em sua abertura, trazendo à arena um casal de mestre-sala e porta-bandeira. A apresentação foi marcada pela estética intensa da cunhã Isabelle, que surgiu de uma alegoria repleta de urubus, simbolizando a lenda amazônica da noite. Sua evolução foi destacada pela expressividade e pela indumentária em forma de urubu.

O ápice da apresentação veio com o item “Toada, Letra e Música”, quando Davi Assayag interpretou a impactante “Olhar de Curumim”, que faz críticas ao genocídio indígena e defende os povos originários. Durante a execução, os integrantes do boi formaram uma bandeira do Brasil no centro da arena, gerando forte comoção.

Terceira noite: homenagem e emoção no encerramento

Na terceira e última noite, o Garantido emocionou ao homenagear o compositor Chico da Silva, autor da clássica toada “Vermelho”, eternizada por Fafá de Belém. Após a introdução feita pelo amo João Paulo Faria, a toada foi entoada por Davi Assayag e acompanhada em uníssono pela galera, em um dos momentos mais emocionantes do festival.

A cunhã-poranga Isabelle Nogueira teve outra performance de destaque. Surgindo da alegoria “Artesã Indígena”, evoluiu ao som de “Deusa Cunhã” e se transformou em arara no auge da apresentação, misturando força cênica e narrativa ancestral.

Identidade, emoção e reconexão com a galera

Ao longo das três noites, o Garantido apostou em uma performance que uniu inovação, crítica social e emoção popular. As toadas “Perrechéologia” e “Perrechézada”, do álbum 2025, embalaram os momentos mais vibrantes da arena, sempre acompanhadas por clássicos que ressoam com sua torcida.

O amo João Paulo Faria, um dos itens mais queridos da galera, também brilhou ao resgatar momentos históricos do Festival. Na segunda noite, apareceu vestido como seu tio, Paulinho Faria, antigo apresentador do Garantido, em uma reverência à memória e à tradição.

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