Jornalista russa é agredida na Chechênia e tem seus dedos quebrados

Na última terça-feira (4) a jornalista russa Yelena Milashina e o advogado Alexander Nemov foram atacados e espancados por homens mascarados em Grozny, capital da Chechênia. O ataque aconteceu logo depois que eles saíram do aeroporto da cidade, quando seu carro foi interceptado e homens encapuzados os agrediram com chutes e cassetetes. Seus telefones foram tomados e eles foram solicitados a desbloqueá-los; seus equipamentos e documentos foram destruídos.

O chefe da Equipe Contra a Tortura, Serguei Babinets, citado pelo portal Meduza, declarou que, durante o ataque, os agressores “lembraram Milashina e Nemov de todos os seus julgamentos e casos” em que estiveram envolvidos. “Isso claramente não é um ataque de gangue, mas um ataque por suas atividades”, enfatizou.

A repórter do jornal Novaya Gazeta, conhecido na Rússia por sua cobertura crítica e investigativa, e o advogado chegaram a Grozny para acompanhar a sentença de Zarema Musaeva, que é mãe de Abubakar Yangulbaev, ex-advogado do Comitê Contra a Tortura, e Ibragim Yangulbaev, um dos supostos fundadores do movimento de oposição checheno Adat.

Em janeiro de 2022, as forças de segurança chechenas sequestraram Musaeva em Nizhny Novgorod e a levaram para a Chechênia. Ela foi acusada de agressão a um policial. O líder da Chechênia, Ramzan Kadyrov, afirmou que durante a transferência de Nizhny Novgorod, Musaeva supostamente “atacou um policial e quase acertou seu olho”.

Na mesma época, Kadyrov, antigo aliado de Putin, chamou a jornalista do Novaya Gazeta e o ativista de direitos humanos Igor Kalyapin de “terroristas” e “cúmplices de terroristas” por sua conexão com o caso e pediu às agências de aplicação da lei que os detivessem. Após as ameaças de Kadyrov, Milashina anunciou que deixaria temporariamente a Rússia.

Após o ataque desta terça-feira, Milashina e Nemov foram levados para um hospital local. A jornalista russa foi diagnosticada com lesão craniocerebral, teve seus dedos quebrados e uma tinta verde foi jogada sobre o seu corpo. Foi relatado pelo Novaya Gazeta que Milashina perdeu a consciência várias vezes, observando que os médicos não entregaram os resultados da ressonância magnética de Milashina. Nemov, além dos ferimentos, recebeu uma facada. Ambos foram transportados para Moscou após os primeiros atendimentos.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, classificou o ataque contra a jornalista e o advogado como um “incidente grave” que “requer ação vigorosa”.

O ataque a Milashina e Nemov também repercutiu no Parlamento russo, no Sindicato dos Jornalistas e no Conselho de Direitos Humanos do presidente da Federação Russa.

A mãe dos opositores chechenos, Zarema Musaeva, foi condenada a cinco anos e meio de prisão por fraude e ataque a policiais.

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