Médica de Manaus que aplicou adrenalina em criança não tem especialização em pediatria

Notícias de Manaus –  A médica responsável por prescrever adrenalina por via intravenosa ao menino Benício Freitas, de 6 anos, não possui especialização em pediatria, conforme dados públicos disponíveis no Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM).

A identificação da profissional foi feita pela mãe da criança, Joyce Xavier, que informou que a médica se chama Juliana Santos Brasil. No sistema do CRM-AM, o registro de Juliana aparece como ativo, porém sem título de especialista.

No Brasil, médicos com formação e registro profissional estão autorizados a atuar em atendimentos de urgência, mesmo sem especialidade específica. Apesar disso, o Código de Ética Médica orienta que o profissional deve reconhecer seus próprios limites técnicos, agir com responsabilidade e encaminhar o paciente quando necessário.

Segundo informações do prontuário médico, foram prescritas três doses de adrenalina pura na veia da criança, sendo 3 mililitros a cada 30 minutos. Após a primeira aplicação, Benício apresentou agravamento no quadro clínico, precisou ser intubado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e morreu por volta das 2h55 da madrugada de domingo, dia 23 de novembro.

Durante o atendimento, o menino sofreu seis paradas cardíacas e teve a morte cerebral confirmada pela equipe médica. O caso foi registrado no 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP). No entanto, segundo a Polícia Civil, novos detalhes não podem ser divulgados neste momento para não comprometer o andamento das investigações.

Em nota oficial, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas (CREMAM) informou que tomou conhecimento do caso por meio da imprensa e que os fatos foram encaminhados ao Setor de Processos Éticos, onde um procedimento foi instaurado em caráter sigiloso, conforme determina o Código de Processo Ético-Profissional.

ENTENDA O CASO

Os pais de Benício, de 6 anos, relataram que a criança sofreu seis paradas cardíacas durante o atendimento, após a aplicação de um medicamento que, segundo eles, teria sido administrado de forma incorreta, no Hospital Santa Júlia, no último dia 23.

Segundo os pais, Benício deu entrada no hospital particular apresentando tosse seca, sem febre. A médica suspeitou de laringite e prescreveu lavagem nasal e xarope. O pai relata que havia dois pediatras de plantão.

Após a lavagem nasal e o xarope, uma profissional da enfermagem preparou o menino para receber soro e, em seguida, adrenalina.

A família afirma que foram aplicados 3 mL de adrenalina diretamente na veia.

Durante a madrugada, a criança sofreu seis paradas cardíacas consecutivas, após a sexta parada, a equipe informou que já não havia atividade cerebral. O óbito foi confirmado logo depois.

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