O que precisamos saber sobre a febre maculosa? Entenda prevenção, diagnóstico e tratamento

Carrapato-estrela, transmissor da bactéria causadora da Febre Maculosa. Foto: Prefeitura de Jundiaí

Após a morte de três pessoas neste mês de junho, o debate sobre a febre maculosa entrou em destaque na sociedade. As vítimas fatais estiveram estiveram em evento na Fazenda Santa Margarida, em Campinas (SP), o que chamou a atenção sobre prevenção, diagnóstico e tratamento da doença.

A febre maculosa é transmitida pela picada do carrapato e causada pela bactéria Rickettsia, como explicou o médico infectologista Gerson Salvador, que atua no Hospital Universitária da Universidade de São Paulo (USP).

“Após a picada do carrapato infectado pela Rickettsia, o período de incubação de pode ser de dois dias até duas semanas. As pessoas passam a ter um quadro de febre, dor de cabeça e dor muscular muito parecido com diversas outras infecções. É aí que pode vir aquela fase de manchas vermelhas, por isso, que se chama de febre maculosa”, explica o médico.

Os sintomas são semelhantes aos de outras infecções, com febre alta, dor na cabeça e no corpo, falta de apetite e vômitos. Ela também afirma que a infecção pode alterar o funcionamento do rins, do fígado, do processo gastrointestional e do sistema neurológico, com os casos mais graves levando ao óbito.

Transmissão

O infectologista reforça que a transmissão em humanos é feita apenas pelo carrapato. Ou seja, a doença não é passada diretamente entre pessoas pelo contato ou de animais para humanos. Ao mesmo tempo, o médico lembra que animais silvestres ou domésticos podem ser infectados pela bactéria Rickettsia, mesmo que não transmitam para as pessoas.

Prevenção individual

A primeira dica é evitar o contato com o carrapato, utilizando calçados e roupas adequadas para essa situação. Também é indicado o uso de repelentes contra insetos. Entretanto, o contato com o carrapato não necessariamente significa a infecção.

Caso aconteça a picada, não se deve espremer com as unhas e nem arrancar diretamente o animais com as mãos. O recomendado é usar uma pinça para fazer a remoção. Para quem frequenta locais de possível presença de infecção, Salvador ainda destaca a importância de conferir a pele a cada duas horas para verificar se há ou não carrapatos, ressaltando que quanto menor o tempo de mordida menor é o risco de se contrair a doença.

Diagnóstico

A similaridade com outras infeções atrapalha um diagnóstico preciso da febre maculosa nos primeiros dias após a mordida.

“Após uma picada de carrapato, nas duas próximas semanas, se tiver um quadro febril, com dor de cabeça e dor muscular, tem que falar para o médico da picada. O profissional vai precisar considerar o diferencial da febre maculosa no diagnóstico”, explica o especialista.

Além disso, o especialista afirma que “o diagnóstico da doença ainda não está disponível nas unidades de atendimento, sendo necessário enviar a sorologia para laboratórios de referência de saúde pública, tendo o diagnóstico posteriormente”.

Sem sintomas, a recomendação do infectologista é de não buscar orientação médica apenas para relatar a mordida.

Tratamento

Para Salvador, em caso de suspeita, a recomendação é não esperar o diagnóstico para iniciar o tratamento. O antibiótico tratamento doxiciclina está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e em Unidades de Pronto-Atendimentos (UPA). Porém, ele alerta que em quadros avançados da doença dificultam os resultados mais eficientes no tratamento.

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