Pai de criança assassinada por madrasta: “Peço a Deus que me conforte”

O pai da pequena Rafaela Marinho, 7 anos, asfixiada e morta pela madrasta, disse à imprensa que pedirá conforto a Deus. O mestre de obras Ivanei Matos, 48, namorava a suspeita do crime, Iraci Bezerra, 43, há um ano e, no dia do assassinato, trabalhava em uma construção no Lago Sul. Rafaela será sepultada na manhã deste domingo (23/11), e Iraci seguirá presa por determinação judicial.

Sem condições, a família de Rafaela criou uma vaquinha para arcar com os custos do velório. A cerimônia de despedida está marcada para as 9h, e o sepultamento, previsto para as 17h, no Cemitério Jardim Metropolitano, em Valparaíso de Goiás, cidade onde reside a mãe, Fabiana Marinho, 36.

Abalado, Ivanei afirmou, por telefone, não conseguir se manifestar no momento. “Quero levar só lembranças boas dela. Só peço a Deus que ele me conforte. Vai ser difícil, porque vai ser uma coisa que vou levar para o resto da minha vida”, finalizou, acrescentando que o valor da vaquinha foi levantado com sucesso e agradecendo aos voluntários.

Confissão

Iraci foi presa horas depois de se apresentar na 8ª Delegacia de Polícia (Estrutural). Ela começou o depoimento dizendo: “É, agora vou pagar pelo que fiz”. A mulher relatou que, no dia anterior, usou drogas e álcool na companhia do namorado até as 5h de sexta. Às 7h, o pai de Rafaela saiu para trabalhar. Ao ser questionada sobre ter discutido com a menina antes do crime, Iraci afirmou que a criança disse que preferia morar com a vizinha do que com ela.

“Não estava planejando, nem pensando”, respondeu Iraci à delegada ao ser confrontada sobre a possível premeditação do crime. Acrescentou que teve uma “vontade repentina” e detalhou o passo a passo: primeiro, tentou dopar a menina usando um pano com álcool no nariz dela; depois, a asfixiou com um cinto e tentou pendurá-la em uma pilastra. Depois, ela disse que vestiu uma roupa e foi para a delegacia.

Foragida

A Polícia do DF descobriu que Iraci era foragida da Justiça do Pará por matar o então marido, com quem conviveu por mais de 23 anos e teve quatro filhos — deixados por ela no estado da Região Norte na fuga para Brasília. O mandado de prisão, expedido em março de 2024, está no Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP), do Conselho Nacional de Justiça.

Ela negou o crime. Contou que, no dia do fato, havia saído com o companheiro para beber em um bar da região. Na volta, segundo a versão, ele entrou para tomar banho enquanto ela permaneceu na área externa da casa. “Ouvi uns disparos de arma e fiquei assustada. Corri para o mato para me esconder”, alegou. A Justiça paraense não comprou a tese. A polícia concluiu pela autoria dela, e o Ministério Público pediu a prisão preventiva. O juiz concordou, determinando a captura e a transferência imediata para o Centro de Reeducação Feminino de Santarém (PA).

Segundo a delegada Bruna Eiras, chefe da 8ª DP, a acusada responderá por feminicídio, com incidência da Lei Henry Borel, com agravantes de meio cruel por impossibilitar a defesa da vítima e por motivo fútil. “Ainda terá agravante de pena pelo crime ser praticado contra menor de 14 anos e por ter relação de madrasta com a vítima. A pena pode chegar a 40 anos”, disse a delegada.

Correio

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