‘Plano era fechar Polo Industrial de Manaus’, diz Bosco Saraiva sobre gestão Bolsonaro

“O plano era fechar o Polo Industrial de Manaus. Isso ficou claro nas ações do governo”, afirmou o superintendente da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), Bosco Saraiva, sobre o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, nesta segunda-feira (25).

“Aquele governo passado, que graças a Deus se foi, prejudicou muito a Zona Franca de Manaus e, principalmente, o Polo Industrial de Manaus. Porque ele se fechou dentro de uma cerca intransponível da Suframa. Se isolou, sem comunicação com ninguém”, disse Bosco. “Passou-se o temporal”, completou o superintendente.

Bosco assumiu o comando da autarquia em abril de 2023, no início do governo Lula. Antes dele, a Suframa era comandada pelo general Algacir Antônio Polsin, nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em 2020. Algacir foi o segundo superintendente no governo Bolsonaro. Ele substituiu o coronel reformado do Exército Alfredo Menezes, que havia sido nomeado em 2019.

De acordo com Bosco, foi na gestão Bolsonaro que a Suframa, que completa 58 anos na sexta-feira (28), sofreu duros ataques que ameaçaram a existência do modelo que atualmente emprega 127 mil trabalhadores na região norte. Ainda conforme Bosco, após o “temporal”, a Suframa volta a ganhar força e foca na modernização de seus sistemas de gestão.

“A Suframa caminha para a modernização tecnológica. Nós só vamos competir com o México e com a Índia se a gente evoluir tecnologicamente. Essa é a nossa briga”, disse Bosco. “Em novembro do ano passado, nós conseguimos fazer o contrato com a nova fábrica de softwares porque a empresa que estava lá nunca entregava”, completou.

“Havia programas que tinha cinco anos, passando cada semestre sem entregar. E é preciso que a Suframa continue e se modernize neste sentido, que seus sistemas de gestão sejam modernos para que a gente possa estar olhando permanentemente quais são os números da economia nos outros países concorrentes”, afirmou Bosco Saraiva.

O superintendente disse que montou uma equipe com 70 servidores, incluindo economistas, engenheiros e administradores, para atrair novos investidores. “Esse grupo entendeu o atual espírito, perdeu o medo. Havia um receio de dar informações, de receber informações de fora, porque foi um período de terror dentro da Suframa”, disse Bosco.

Ao falar sobre o período de “terror” na Suframa, Bosco relembrou das medidas adotas por ex-presidentes contra a ZFM (Zona Franca de Manaus). O superintendente lembrou da mobilização encabeçada pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes para retirar benefícios do modelo industrial sediado na capital amazonense.

Bolsonaro editou decretos que zeraram a alíquota do IPI dos concentrados de bebidas e que reduziram o imposto em até 35% para os produtos fabricados na ZFM. Na prática, a medida retirou incentivos fiscais das empresas instaladas em Manaus, cujo imposto é convertido em créditos fiscais. São esses créditos que atraem investidores para a região.

A bancada do Amazonas no Congresso Nacional e o Governo do Amazonas foram ao STF (Supremo Tribunal Federal) para derrubar a medida. No final da batalha, foram mantidos os incentivos para os principais produtos fabricados na ZFM. “Nós perderíamos toda a capacidade de fabricação [se os decretos fossem mantidos]”, disse Bosco.

Reaproximação

Bosco Saraiva tem cumprido uma agenda de aproximação com as fábricas do Distrito Industrial de Manaus. “Eu radicalizei. Na hora que chegamos lá com essa nova gestão, com espírito popular do presidente Lula, fomos para dentro das fábricas”, afirmou o superintendente, que visitou 112 das 600 fábricas beneficiadas com os incentivos fiscais da ZFM.

A ideia é atrair mais investidores, inclusive aqueles que não foram atendidos na gestão Bolsonaro. “Há relatos estarrecedores de investidores que vieram duas vezes a Manaus tentando uma audiência com a alta gestão para instalação de empresas aqui e não conseguiram audiência”, afirmou Bosco Saraiva.

De acordo com o superintendente, no ano passado, 59 empresas tiveram projetos aprovados para atuar na região. “Nós abrimos cerca de 15 mil vagas novas, apesar dos avanços das empresas na automação, na chamada indústria 4.0. A nossa expectativa é quebrar o recorde trabalhadores diretos na fábrica neste ano de 2025”, afirmou Bosco.

“Nós tivemos 150 projetos aprovados em 2024, dos quais 59 são novas empresas, projetos novos. Os outros são de diversificação, mais uma linha dentro das empresas instaladas. Isso é reflexo da aprovação da PEC, que foi em dezembro de 2023. Já voltou a confiança. Adicionada à polícia do presidente Lula, pra cá funcionou perfeitamente pra nós”, completou Bosco.

Em 2022, último ano do governo Bolsonaro, o Polo Industrial de Manaus faturou R$ 174,1 bilhões, um aumento de 6,84% em relação a 2021.

AMAZONAS ATUAL
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