O vereador Carlos Bolsonaro deve prestar depoimento nesta terça-feira (30) à Polícia Federal sobre uma crítica feita ao comando da Polícia Federal em uma publicação nas redes sociais em 27 de agosto do ano passado.
A publicação, feita no X, antigo Twitter, faz um comentário sobre uma imagem repostada com alusão ao ex-presidente Jair Bolsonaro morto e com as frases “zero busca e apreensão, zero inquérito, zero perfis bloqueados, zero reportagem em repúdio, pessoas presas: zero”. No post, Carlos escreve: “O seu guarda diretor aqui enxerga com outros olhos”. A PF quer saber se ele atacou a honra do diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues.
Carlos também deve prestar depoimento sobre outro caso envolvendo um suposto esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Nessa segunda-feira, o vereador do Rio de Janeiro foi alvo de uma operação realizada pela PF para apurar se ele recebia informações sigilosas de adversários políticos do ex-presidente.
Endereços ligados a Carlos foram alvo da ação policial, que cumpriu buscas e apreensões no gabinete do vereador na Câmara Municipal do Rio. A PF também realizou diligências em um endereço em Angra dos Reis (RJ), onde Carlos estava na companhia do pai e seus irmãos, e em um escritório em Bento Ribeiro, zona Norte do Rio.
A corporação apreendeu o telefone do vereador e mais três computadores que estavam na casa da família na cidade da Costa Verde fluminense. De acordo com as investigações, o vereador é suspeito de receber informações da Abin por meio do deputado Alexandre Ramagem (PL), diretor da agência à época. Ramagem também é investigado e foi alvo de busca e apreensão na última quinta-feira.
Em nota, Carlos classificou a operação como “uma desastrosa e indevida fishing expedition, ou pescaria probatória, subvertendo a lógica das garantias constitucionais”. Ramagem afirmou em entrevista à GloboNews que não utilizou o software espião ou favoreceu a família Bolsonaro. A Abin nega qualquer irregularidade e diz que está colaborando com as investigações.
A PF diz que busca “avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas”. Para a corporação, o grupo usou “técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público”.
Segundo a Polícia Federal, os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
Reportagem do Globo publicada em março do ano passado revelou que a Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de pessoas pré-determinados por meio dos aparelhos celulares durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Após o caso vir à tona, a PF abriu um inquérito e identificou que a ferramenta foi utilizada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo.
Por Agência O Globo